domingo, 13 de fevereiro de 2011

Os 20 anos da brasileirissíma Cia. Marítima

 
 1991 - Com apenas um ano de vida, a marca debuta nas passarelas com desfile no Copacabana Palace: na época, moda praia era sinônimo de Rio de Janeiro (e de calcinha asa-delta abusada)

 1993 - É a atriz Maria Fernanda Cândido. Ela continua linda atualmente. Já a modelagem do biquíni...
Campanha de 1994

 Campanha de 1997

 1999 - Com a campanha estrelada por Shirley Mallmann, supertop na época, a Cia. Marítima passa a ser vista como grife que dita moda

 Campanha de 2001

 2002 - Gisele desfilou por quatro anos seguidos, mas o barulho nunca foi tão grande quanto o da coleção Latina, com a icônica estampa de Che Guevara

 2008 - As gordurinhas extras de Karolina Kurkova chamaram mais tenção que os biquínis boho: “O mais curioso é que ela queria vestir as menores peças do desfile”, contaa estilista Patrizia Simonelli. À direita, a Cia. Marítima lança sua primeira coleção de inverno

 2009 - Inspirado no estilo Versace dos anos 80 e 90, o desfile do verão 2010 foi sucesso de crítica, mas nem tanto de público. “Não se pode trair a essência da marca. Sofisticamos demais e nos afastamos de nosso DNA. Aprendemos a lição”, admite Benny Rosset

Sabe o Top of Mind, pesquisa anual que premia as marcas mais lembradas pelo consumidor brasileiro em diversas áreas? Pois se houvesse uma categoria moda praia, pode apostar que a Cia. Marítima seria forte candidata ao título. Não, ela não lava mais branco como o Omo, nem é assim uma Brastemp, mas tem muitos predicados que a gabaritam a ocupar o lugar mais alto do pódio: é uma grife querida, tradicional, confiável e que soube amadurecer sin jamás perder la ternura – no caso, o DNA boho e a modelagem que valoriza as curvas, sem necessariamente esbarrar nas tendências da vez nem na onda da beach couture. “Nunca ‘emperuei’ a marca. Não quero ser a alta-costura das areias”, garante o proprietário Benny Rosset, que em 20 anos de praia manteve-se fiel ao propósito – ainda que os ventos soprassem rumo ao hype da beach couture e as marés levassem à overdose de bijoux no biquíni e à proliferação de caftãs emperiquitados.

Puxe pela memória: você provavelmente vai se lembrar das carinhas de Che Guevara estampadas nos modelos da coleção de 2002 (confira no derrière de Gisele na página ao lado). Ou das dezenas de animal prints, das mil e uma variações de padronagens hippies, da saída combinando com o biquíni e das calças de jérsei que, confesse, você já usou para ir à praia. Aliás, não só você: em duas décadas, a Cia. Marítima vendeu nada menos que 12 milhões de peças. “A mulher que compra um biquíni da concorrência compra três da Cia. Marítima com o mesmo dinheiro. É injustificável que outras grifes cobrem R$ 300 por um modelo. Eu sei o quanto custa produzir, faça-me o favor”, desabafa o empresário, herdeiro do grupo Rosset, maior fabricante de tecidos com lycra da América do Sul. Ajuda o fato de serem 1.500 pontos de venda aqui e lá fora (espalhados por quase 30 países) e de a marca contar com campanhas e desfiles “marqueteiros”, que tanto geram buzz quanto polpudos dividendos.

Benny não inventou a roda quando passou a chamar modelos conhecidas e atrizes para posar e desfilar. Mas sempre teve dedo de ouro para escolher suas personagens. Nos primórdios da grife, em 1993, convocou uma bela moça com olhos verdes e um quê de Sophia Loren, clicada com a calcinha asa-delta que era febre na época. Seu nome? Maria Fernanda Cândido, hoje atriz Global. Um ano depois, selecionou uma moreninha mignon cuja graça era Cris Barros (sim, a estilista debutou na moda como modelo!). Em 1999, o primeiro turning point: o empresário trouxe Naomi Campbell para desfilar pela marca na Semana BarraShopping de Estilo. Foi a primeira vez que uma grife nacional importou uma grande top – depois disso, sabe-se bem, a presença de Naomi cá por essas bandas tornou-se mais comum que biquíni da Cia. Marítima no nosso extenso litoral. “Apostei alto em Naomi. Negociei tudo com o Flavio Briatore, então seu namorado, contratei 80 seguranças e até avião tive de alugar para que ela embarcasse de volta à Europa. Valeu a pena: a grife passou finalmente a ser vista como uma marca de moda”, conta Benny.

A era Gisele Bündchen veio em seguida: foram quatro anos consecutivos de parceria. O mais inesquecível desfile aconteceu em 2004. Com a palavra, Patrizia Simonelli, estilista da Cia. Marítima há 20 anos: “Gisele já chegou dizendo que não queria abrir a apresentação, como estava previsto. Não gostou do penteado, quis se maquiar sozinha. Perdeu várias entradas e apenas fechou o desfile. Quase tive uma úlcera, mas no fim foi um sucesso”. Mesmo zum-zum-zum causou Karolina Kurkova em 2008, ao subir na passarela exibindo o que popularmente se convencionou chamar de “pochete” – um acúmulo de gordura ao redor do umbigo. Uns criticaram o desleixo, outros adoraram a aparição de uma bela imperfeita. “O mais curioso é que ela fez questão de usar as menores peças do desfile”, lembra Patrizia. Isso tudo contribui para manter a grife sob os holofotes, lotando os desfiles de consumidoras, com seus atentos namorados e maridos ao lado.

E vem mais novidade por aí. Animado com sua primeira incursão no varejo – o grupo Rosset inaugurou em setembro a flagship da Valisère, grife de seu portfólio, em São Paulo, e planeja várias franquias pelo Brasil –, Benny deixa no ar a possibilidade de abrir em breve uma loja Cia. Marítima, hoje vendida apenas em multimarcas. “Estamos estudando o mercado.” Será que precisa? 
 
Todo sucesso do mundo para a Cia. Marítima! Sem dúvida alguma uma marca que faz diferença na recente história da moda brasileira.
 
Fonte: Vogue

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